Empresas devem pensar além do lucro e desenvolver projetos que estejam alinhados com os preceitos sociais, ambientais e econômicos
O Brasil se destaca por seu grande potencial ambiental. O volume e variedade de recursos naturais existentes no país gera um diferencial em relação ao resto do mundo. Na verdade, se trata de um tesouro escondido. Mas por que ainda não somos uma potência ambiental?
De acordo com a advogada especialista em Direito Ambiental, Luiza de Araujo Furiatti, mestre em Direito Socioambiental e Sustentabilidade, o tema é complexo e passa por inúmeras variáveis, tais como gestão, capital, engajamento, setor e etc. “Ouso dizer que o fator principal é a ética. A partir do momento que o setor empresarial brasileiro encarar os desafios, que não são poucos, com o foco na ética, o caminho será mais iluminado”, defende Luiza.
O principal exemplo em que a ética pode e deve ser aplicada, segundo a advogada, é no fator ambiental. “Infelizmente, por questões culturais e históricas, em muitas situações a exploração dos recursos naturais é algo que está relacionada apenas com a matéria prima. Porém o meio ambiente é muito mais do que isso. É capital natural, é elemento que atua não só na atividade econômica, mas impacta na saúde de toda a sociedade”, argumenta.
Uma pesquisa global realizada pela BlackRock, maior empresa em gestão de ativos do mundo, mostrou que 54% dos participantes consideram que o investimento sustentável é fundamental para os processos e os resultados. Já 75% colocam que estão integrando ou considerando integrar as boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) nas suas decisões de investimento.
A advogada argumenta que o destino das gerações presentes e futuras só poderá ser alterado se for aplicado o respeito a manutenção da vida e dos serviços ecossistêmicos prestados. “As empresas podem agregar valor à marca, atribuindo sustentabilidade a sua produção. Para isso, é importante identificar as fragilidades ambientais, além dos requisitos ambientais legais. O lucro é importante e continua tendo um papel de destaque, mas as empresas precisam focar em projetos que estejam alinhados com os preceitos sociais, ambientais e econômicos”, diz.
Para ela, as questões ambientais e sociais devem passar a ser pauta rotineira e prioridade dentro da gestão empresarial. “O resultado é meio ambiente sendo valorizado e sua gestão refletindo em melhorias para a empresa e para a comunidade como um todo”.
Luiza de Araujo Furiatti - Advogada, Mestre em Direito Socioambiental e Sustentabilidade pela PUC/PR. Especialista em Direito Ambiental e Direito Administrativo. Membro da comissão do Pacto Global e da Comissão de Direito Ambiental, ambas da OAB/PR. Professora, palestrante e autora do livro Sustentabilidade Urbana: Estudo de Impacto de vizinhança. Consultora em questões relacionadas ao meio ambiente, sustentabilidade e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 do Pacto Global da ONU.