Da adaptação à produtividade em home office: um ano depois, sistema de trabalho veio para ficar

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Beatriz Machnick*

 

Um ano se passou desde que muitas empresas e escritórios optaram pelo teletrabalho. Para manter o distanciamento social e preservar a saúde dos colaboradores, a modalidade ganhou espaço no mundo corporativo. Se antes havia até um certo preconceito por parte de algumas organizações com relação ao modelo remoto, com a pandemia da covid-19, tudo mudou.

Diante dessa mudança, como está a produtividade das equipes? Em viagens pelo Brasil, nas consultorias e atendimentos on-line e presenciais, vejo que as pessoas se adaptaram, sim. Contudo, em alguns casos, há relatos de queda de produtividade. Isso pode ser comprovado por meio de ferramentas de medições e análise. Enquanto alguns criaram uma rotina de trabalho e conseguiram se dividir entre a vida familiar e profissional, outros se perderam nessa mesma rotina de casa-trabalho.

De fato, estabelecer uma rotina e ter disciplina é fundamental para que esse tipo de trabalho funcione, além, é claro, de manter o equilíbrio. Isso vai contribuir não só para a produtividade, como também para a estrutura familiar.

Após um ano em home office, muitas empresas têm buscado ferramentas de medição de produtividade, a fim de garantir os resultados da equipe e também como uma forma de medir a demanda dos clientes e alocação de tempo nos projetos. Porém, o teletrabalho permite que cada pessoa defina o seu modelo e forma de atuação. Então, a empresa precisa trazer essa cultura, que refletirá no desempenho dos colaboradores. Além disso, é importante que a cultura organizacional não se perca pelo caminho, mesmo no teletrabalho. Por isso, o esforço das lideranças torna-se ainda mais imprescindível. Mesmo em casa, é possível seguir com o trabalho em equipe.

E se, por um lado, existem muitos ganhos, como economia de tempo, combustível, alimentação, estar mais perto da família e dos filhos, por outro, observamos a solidão, o esgotamento e sinais de fadiga virtual – é o WhatsApp que apita o dia inteiro, Telegram, e-mail, chats on-line, plataformas que organizam tarefas, sistemas próprios da empresa, time sheet, telefone que toca, reuniões pelo Zoom, Google Meet e outras inúmeras plataformas.

Um outro ponto é que estar presente em uma reunião virtual, por exemplo, exige mais atenção e concentração. A conexão é diferente e pede um esforço maior de ambas as partes – emissor e receptor.

E o que fica de lição?

O teletrabalho quebrou muitos paradigmas. Muitos empregadores achavam que tinham que ter o colaborador “sob o olhar” – e não é bem assim. Então, a pandemia e o novo sistema implementado trouxeram uma maturidade para as pessoas em termos de responsabilidade e produtividade no trabalho.

Mas, mesmo diante de funcionários disciplinados, é imprescindível ter ferramentas de medição de tempo, produtividade, não com o objetivo de controlar a jornada ou tempo do colaborador, mas para saber em que atividade e para qual cliente aquele tempo está sendo destinado.

É o que sempre digo: as empresas compram o tempo do funcionário, e ele vende as suas horas de trabalho. Sendo assim, é essencial ter clareza quanto à alocação desse tempo em cada cliente e tarefa. Pense nisso: como estão as demandas dos clientes em relação ao tempo que sua organização tem disponível? Essa conta fecha? A resposta impactará diretamente os seus resultados e finanças.

 

*Beatriz Machnick é contadora, especialista em Controladoria e Finanças, mestre em Governança e Sustentabilidade. É pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia e palestrante na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). É sócia-fundadora da BM Consultoria em Precificação e Finanças. Autora dos livros Gestão Financeira na Advocacia - Teoria e Prática (2020), Valorização dos Honorários Advocatícios – O Fortalecimento da Advocacia através da Gestão (2016) e Honorários Advocatícios – Diretrizes e Estratégias na Formação de Preços para Consultivo e Contencioso (2014).